C4 - Facção Ideológica C4 - Facção Ideológica - O Que Sou...

Não vou trair o que eu fui o que eu sou
Fortalecido pela fé e a graça de nosso Senhor.
Então, demoro nego, vem pra conferir
Na louca arte do RAP eu vim ora confundir.
Sou " H" pode ligar, é desse jeito
Não fujo da responsa o RAP levo no peito.
Troco por nada, o RAP a minha história
A minha trajetória de sufoco e glória.
Porra mais ta fóda me peguei em pensamento
A resistência não vem de fora, vem de dentro.
São várias provações, uma atrás da outra
Surpresas e armadilhas...
Treinado pra guerra, soldado combatente
Lutando pro ano seguinte ser diferente.
Sou persistente, não tenho medo da verdade
Que persegue os irmãos aos quatro cantos da cidade.
Que se esconde, estão aonde, porque fugiu ?
Eu to na luta até agora desde dois mil.
Me esquivando do olhos que me seguem
Me desejando o mal pra que eu me desespere.
Sei que deus me protege meus passos a ele segue
Escute me senhor aqui eu faço a minha prece
Assim sigo na febre pra quem desacreditou
Um dia após o outro provando o que eu sou.

Sofrido sim mas derrotado, nunca, jamais
Descriminado mas provando que sou capaz.
Estilo vagabundo, bombeta , calça larga
Corrente no pescoço, ataca Zé pouvinhada.
Um, nove, oito, nove, a data confirmada
Carimbada, moleque nasce pronto pra batalha.
Escalado no time, camisa nove, centro-avante
Adiante sempre ligeiro a todo instante.
Com os pilantra eu to ligado, não adiante
Que só fala, mas como diz o mano é só garganta!
Esses não me derruba também nem me abala
Quando chega dando tapa nas costa falando que é camarada.
Que nada, não esqueço das porrada
Que da vida eu levei e não pude falar nada.
Ávida é macabra, to no fio da navalha
Microfone a arma, minha mente aqui não falha
E o RAP aqui não para, e pode acreditar é meu estilo
Estilo vagabundo descendo o morro e subindo.
Fui no Jd. Diogo, na casa do parceiro
Falou da sua vida sofrida, mais um guerreiro.
Os calos vem nos dedos, as bolhas vem no pé
A mensagem é verdadeira acredite se quiser.
Assim sigo na febre pra quem desacreditar
A corrente aqui não quebra, firme e forte eu vou lutar.

Um filho único, bastardo, criado por mãe solteira
Meus pêsames, sou exemplo de família brasileira.
A conseqüência comum e descartável do Brasil
Sou só mais um cantando RAP guarulhense no Vila Rio.
Do castelo de dois cômodos, o meu fronte, a minha história
Das batalhas diárias, longas jornadas, sentindo o cólera.
Ouvi palavras rasgando a carne, ataque dos ímpios covardes
Sem álibi, classe, valor, dignidade.
Tantas horas sem dormir, tantas madrugadas sem sono
Sem rumo, refém do desespero e abandono.
Não importa a condição o moleque aprende
Sifões e má influência brilham mais que um pai ausente.
No mundo que do berço te condena, entenda
Forte é quem agüenta, enfrenta encara as conseqüências.
Pru cê vê, o que forjou o presente, se tornou combatente
Sou quem sou assim sigo em frente.
Duas décadas de idade, no auge, na boca o sabor da maldade.
Parceiro te digo, hoje eu sei, o que motiva pra ter mais coragem.
Deus, mãe, mulher, casa, trabalho, meus sonhos não realizados.
Mano H do meu lado, dois microfone a base e um palco.
C4